Painel Eletrônico

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Possível venda não muda processo sobre idoneidade da Delta, diz CGU

A Controladoria Geral da União (CGU) anunciou nesta quarta-feira (9) que a venda da Delta Construções, empreiteira líder de contratos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) suspeita de envolvimento com o grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira, não altera o processo em andamento para verificar a idoneidade da empresa.

"A possível venda da Delta, em princípio, não muda nada em relação ao processo em curso na CGU para analisar a possível declaração de inidoneidade da empresa. Mas há que se aguardar a forma da anunciada transação para se ter uma avaliação mais completa de suas consequências jurídicas", afirmou nota divulgada pela Controladoria pouco depois do anúncio de que a A J&F, grupo que controla o JBS,
assumirá a partir da próxima semana a gestão da Delta Construções.

A CGU determinou no fim de abril a
instauração de processo para investigar a empreiteira Delta, que poderá resultar numa declaração de inidoneidade e impedir a empresa de firmar contratos com o governo federal.

A Controladoria disse que o objetivo é "a apuração de atos ilícitos supostamente por ela (Delta) praticados em suas relações com a Administração Pública Federal - especialmente com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes -, bem como outros possíveis atos ilícitos correlatos, noticiados e que venham a ser apurados no curso do processo, praticados por pessoas físicas ou jurídicas coligados ou vinculados àquela primeira pessoa jurídica, com vistas a eventual aplicação das sanções administrativas previstas na legislação, entre elas a declaração de inidoneidade para licitar e contratar com a Administração Pública".
saiba mais
A Delta é a sexta maior empreiteira do Brasil e está envolvida em denúncias de favorecimento a Cachoeira, preso pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, acusado de chefiar um esquema de jogo ilegal.

Relatório da Polícia Federal apontou que Cachoeira passava informações sigilosas de licitações públicas para Claudio Abreu, ex-diretor da Delta em Goiás. Áudios também apontam o envolvimento do ex-diretor da Delta Carlos Pacheco com o grupo. Fernando Cavendish, dono da construtora, foi citado em escutas, mas não conversa diretamente com Cachoeira. A PF diz que a Delta repassava dinheiro a empresas fantasmas controladas por Cachoeira.
Desde então, a empresa deixou obras nas quais participava em consórcio com outras empreiteiras e vem sofrendo pressão para abandonar empreendimentos estatais que toca sozinha. No último dia 25, a Delta divulgou um comunicado no qual a empresa assegurava que "continuará a cumprir seus contratos, obrigações e compromissos assumidos com seus fornecedores e clientes, com a habitual regularidade".

Poucos dias antes, no entanto, segundo notícias publicadas na mídia, a empresa deixou de fazer aportes no consórcio responsável pela reconstrução do Maracanã. No dia seguinte ao comunicado, a empresa deixava outro consórcio no Rio de Janeiro.

No final de abril, Cavendish anunciou sua saída do conselho de administração da empresa. O ex-diretor da empresa CLáudio Abreu, flagrado em diversas conversas com Cachoeira, deve ser chamado para prestar depoimento na CPI criada para investigar as denúncias contra Cachoeira e políticos, enquanto parlamentares ainda pressionam para que o novo presidente compareça à comissão.

Grupo que assumirá a Delta
A J&F engloba os negócios da família Batista, a mesma que controla o
JBS, maior produtor de carne bovina do mundo; além da Eldorado Brasil, do setor de celulose; a Flora, empresa de produtos de limpeza; e o Banco Original, com foco em financiamento do agronegócio.

Em março deste ano, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles passou a ser o presidente do conselho da J&F. A família Batista mostrou nos últimos anos ser uma especialista em formar grandes companhias por meio de aquisições a baixo custo de empresas em dificuldades financeiras.