O Procurador-Geral da
República, Roberto Gurgel, afirmou que provavelmente enviará à primeira
instância o depoimento do operador do mensalão, Marcos Valério de Souza, no
qual ele diz que recursos do esquema foram utilizados para pagar despesas
pessoas de Lula.
Como ex-presidente, o petista
não têm mais o chamado foro privilegiado, que restringe investigações e
processos contra autoridades a instâncias superiores da Justiça.
Gurgel passará agora à fase de
exame do depoimento e deverá encaminhar o documento para o primeiro grau após
voltar de férias, ainda neste mês.
Caberá então a procuradores
que atuam na primeira instância da Justiça avaliar se abrem uma investigação
contra Lula ou se arquivam o caso, caso entendam não haver indícios contra ele.
Em dezembro, Gurgel já havia
dito que, caso algo fosse encontrado em relação a Lula, o caso
seria ”encaminhado à Procuradoria da República de primeiro grau.”
Assim que recebeu as
informações de Valério, no segundo semestre do ano passado, Gurgel decidiu não
fazer nada até o final do julgamento do mensalão, que terminou em dezembro com
25 condenados, entre eles o próprio Valério e o ex-ministro da Casa Civil, José
Dirceu.
Na avaliação das duas procuradoras
da República que tomaram o novo depoimento de Valério, e do próprio Gurgel, não
haveria nenhum fato bombástico, apenas informações que confirmariam o que foi
denunciado ao STF.
A única informação nova seria
a de que recursos provenientes do Banco Rural teriam sido usados não só para
alimentar o esquema, mas também para pagar contas pessoais do presidente Lula.
O ex-presidente tem evitado se
manifestar, mas disse que as declarações de Valério são mentirosas.
No final do julgamento do
mensalão, o procurador-geral chamou Marcos Valério de “jogador”, mas argumentou
que nada deixaria ser investigado.
“Com muita frequência Valério
faz referência a declarações que ele considera bombásticas etc., e quando nós
vamos examinar em profundidade não é bem isso. Mas vamos ver o que existe no
depoimento”, disse na ocasião.